O ESPORTE
Também conhecidas como Canoas Polinésias, Outriggers, wa’a ou va’a (nome pelo qual são conhecidas internacionalmente), as Canoas Polinésias foram usadas como meio de transporte nas ilhas do Pacífico, desempenhando um papel fundamental no processo de colonização daquela região.
Canoa Havaiana é o nome pelo qual o va'a, wa'a, outrigger ou simplesmente canoa polinésia se popularizou no Brasil. A Lanakila, primeira canoa dessa modalidade no Brasil, era um modelo havaiano, e os precursores do wa'a na prática e na fabricação das canoas trouxeram todo o conhecimento ao Brasil a partir de intercâmbios principalmente com os mestres do Havaí.



As embarcações eram simples, funcionais e versáteis, construídas com ferramentas rudimentares de pedras, ossos e corais, dois grandes pedaços de árvore unidos e uma vela central, feita de fibra de coco.
Grandes distâncias percorridas em mar aberto conferiram às canoas um valor sagrado, integrado às práticas e rituais que caracterizavam a tradição religiosa e familiar. As guarnições se aventuravam no mar em expedições entre as ilhas, utilizando o outrigger não apenas como meio de transporte, mas como principal instrumento de exploração do triângulo polinésio.
As viagens eram muitas vezes guiadas pelos movimentos das aves, correntes marítimas ou direção do vento, em um processo migratório que possibilitou, dentre outras coisas, a descoberta do Havaí há cerca de 3.000 anos. Outros barcos menores, com apenas um casco (feito a partir de um único tronco) eram utilizados em travessias menores e transporte local. Eram as famosas canoas, que até os dias de hoje são utilizadas, com algumas adaptações e modificações fruto da evolução tecnológica.
Va'a: elemento central da cultura polinésia
A importância do wa’a na tradição polinésia decorre também do processo de transmissão do conhecimento entre as gerações. As crianças mais aptas eram escolhidas para receber os fundamentos da navegação, como ventos e correntes, vôo das aves, referências geográficas e astronômicas, bem como os rituais de construção e preparação das canoas para enfrentarem o mar.
A construção de uma canoa polinésia começava com a escolha de uma árvore na floresta, que passaria a ser cultuada e reverenciada pelas crianças escolhidas para receber o legado, até o momento em que os deuses da natureza davam permissão para que a canoa fosse construída. Desse modo, as canoas tornaram-se essenciais na vida das civilizações que habitaram o triângulo polinésio em toda sua extensão.
Sempre associadas ao Hawai, Tahiti, Polinésia Francesa e Ilha de páscoa, o outrigger também faz parte da realidade da Malásia, Papua Nova Guiné, Indonésia, Filipinas, Austrália e Sudeste Asiático, havendo relatos também de sua presença em Madagascar, onde uma canoa muito similar era utilizada pelos nativos para a pesca e expedição. Em respeito à história dessa embarcação, vários rituais e tradições são mantidos até hoje.
Com a ocupação européia, em especial no Hawai a partir de 1820, a canoagem foi preterida enquanto esporte, e a prática somente voltou a ganhar força em 1876. O primeiro clube de canoas havaianas foi fundado em 1908. Na década de 70, o esporte se expandiu na Austrália e atualmente encontra-se difundido em todo o mundo. No Brasil, a difusão teve início em 2000 a partir de núcleos no Rio de Janeiro, São Paulo e Santos, que posteriormente vieram a resultar na fundação de novos clubes nestes e em outros estados do país. Atualmente há polos de va'a no Rio de Janeiro, Niterói, Macaé, Cabo Frio, Santos, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Brasília, Maceió e várias outras cidades, com diferentes perfis e propostas, mas movidos pelos mesmos valores e princípios que permeiam a cultura e as tradições em torno do va'a durante milênios.
Estrutura da embarcação

As canoas de modelo havaiano mais utilizadas são do tipo OC-6, sendo OC a referência para Outrigger Canoe e 6 a referência à capacidade de remadores. O nome outrigger é bastante utilizada nos EUA e em outras regiões e advém do estabilizador lateral chamado ama que é fixado na canoa por um par de madeiras chamadas 'iakos. Esta modalidade de canoa é feita em fibra de vidro, tem cerca de 14 metros de comprimento, 50 cm de largura e quando montada pesa aproximadamente 180 quilos, o que pode variar de acordo com as técnicas de fabricação e acabamento.
Remadores e funções
Em cada banco da canoa os remadores desempenham funções diferentes, para que a embarcação navegue com estabilidade e sincronia. Os papeis dos remadores recebem nomes diferentes de acordo com sua posição em relação à canoa. Os nomes a seguir são utilizados em Kona –Hawaii e podem variar em outras regiões:

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BANCO 1: Noho`Ekahi (noh-ho eh-kah-hee): Também chamado Mua (moo-uh) que significa frente ou para frente. Também chamado de Ka`i (Kah-ee) – o líder da procissão e Hana Pa´a, que literalmente significa, trabalho constante e uniforme. Este não é um banco de potência. Dita o compasso do ritmo. Pode saber instintivamente como está o ritmo. Também auxilia o leme desde a proa, especialmente durante bruscas mudanças de direção. Deve estar sempre alerta com o que está à frente; nadadores, pedras, etc. Dependendo do time, Mua também chama as trocas. Pode muitas vezes anunciar mudanças no ritmo, mais rápido ou lento.
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BANCO 2: Noho`Elua ( noho eh-loo-uh): Significa segundo. Orienta por coaching o ritmo do 1. Tem muita responsabilidade por manter a sincronia com o 1 e não comprometer todo o barco. Auxilia nas curvas quando necessário. Quando a canoa está parada, mantém a mão esquerda no Iako para evitar huli.
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BANCO 3: Noho`Ekolu (noho eh-koh-loo): Algumas vezes chamado de Kahea ( Kah-hay-uh) que significa, anunciante ou o que chama. Em vários times, Ekohu chama as trocas. Parte do motor do barco com potência. Concentra-se em mover a canoa à frente.
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BANCO 4: Noho`Eha ( noho eh-hah): Significa quatro ou quarto. A outra parte do motor do barco. Também se concentra em mover a canoa à frente. Muitas vezes, opera o bailer (balde ou cuia) para retirar água em corridas de longa distância. Com a canoa parada, põe a mão esquerda no Iako traseiro para evitar huli.
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BANCO 5: Noho`Elima (no-ho eh-lee-mah): Também chamado de Pani (pah-nee) ou leme reserva ou leme assistente. Mantém olhos vigilantes na ama. Pode ter que sacrificar seu corpo pulando no Iako traseiro para evitar huli. Pode operar o bailer também. Ajuda o leme quando requisitado, usualmente em grandes ondas. Pode assumir o leme caso o leme esteja incapacitado de lemear ou em caso de homem ao mar.
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BANCO 6: Noho`Eono (no-ho eh-oh-no): Ho`okele ou leme. Muitas vezes chamado de Papaki`i (papa-kee-ee) que literalmente significa assento reto ou chato. Usa um diferente remo do resto da tripulação chamado, uli (oolee). O capitão do barco e tem a última palavra a bordo. Mantém a tripulação (Poe wa`a) energizada e focada no objetivo. Deve estar sempre atento a todas a condições que afetam a canoa como: Vento, ondas, outras canoas.

Técnica de Remada
"Look at the canoe, you see six seats, but within, there are seven spirits. There are six paddlers’ spirits, and one powerful spirit of the canoe. This canoe spirit protects and guides the paddler spirits safely through our beautiful waters.” That is why, when the canoe and its paddlers return from the ocean, all within the canoe, stack hands upon the canoe and give a quick cheer of praise and mahalo. This shows our respect to the canoe for guiding us all safely back to shore." (Kaipo DeGuair, Keoua Honaunau Canoe Club)
A técnica de remada havaiana, praticada no Carioca Va’a, é fundamentada em 3 etapas: Alcance, Puxada e Recuperação. O alcance é essencial para um bom rendimento; os braços devem ser esticados e levados bem à frente, girando o tronco sem inclinar o corpo para a frente. O remador deve olhar para a frente, ficando no ritmo da tripulação. É essencial que todos os remos entrem juntos na água e que o tempo de pá na água seja o mesmo para todos os remadores.
A puxada deve ser firme e sincronizada. A entrada da lâmina na água deve ser suave , evitando espalhar respingos ou bater no casco da canoa. O cabo do remo deve ser mantido na posição vertical, paralelo à canoa. A mão de cima, durante esta etapa, deve estar aproximadamente na altura da testa e imprimir a força necessária para afundar a pá completamente; a mão de baixo deve segurar o cabo do remo alguns centímetros antes da pá e trazer o remo em linha reta, paralela à canoa, utilizando os músculos do ombro e das costas. A cabeça sempre levantada para facilitar a respiração.
Ao chegar próximo à cintura inicia-se a etapa de recuperação, quando o remador deve utilizar todo o “sistema” (mão de cima, mão de baixo, ombro e costas) para tirar a pá da água sem flexionar demais o cotovelo e, em seguida, buscar novamente o alcance máximo para repetir o movimento. Ao sair da água, o remo deve estar leve e ligeiramente virado à frente para menor atrito com o vento. Esta técnica do descanso parece irrelevante, mas com centenas de repetições este pequeno descanso faz uma enorme diferença.
A cadência é outro ponto chave para um bom desenvolvimento da canoa. Ela pode variar de acordo com o perfil da tripulação e condições do mar. Em geral ela deve ser longa, suave e forte. Para mares calmos e distâncias curtas a cadência pode ser rápida e mais curta. Para mares turbulentos e tripulação de maior peso, o ritmo tem que ser cadenciado, com tempo de remo na água suficiente para tirar proveito da força dos remadores.
Apesar de erroneamente se acreditar que as pernas não são utilizadas na canoa, elas são muito requisitadas também. A perna do mesmo lado da remada deve estar ligeiramente à frente mas mantendo um ângulo de 90º para uma maior aderência com o fundo do barco. Em longas remadas os músculos posteriores da coxa e glúteos são os primeiros a doer. Alongamentos antes e depois da remada, bem como exercícios complementares ajudam no fortalecimento.
As trocas, normalmente a cargo do remador do assento 2 ou 3, devem ser precisas e fortes. AO tom da chamada deve ser seco e forte, a cada 9 ou 12 remadas. A última remada, logo após a chamada da troca, e as três primeiras remadas devem ser feitas com mais potência para não se perder rendimento. Para viradas em bóias, “caçadas” laterais do 1 e/ou 2 ajudam nas curvas, principalmente em baixas velocidades. A sincronia deve estar perfeita para a manobra funcionar bem.
(Fonte: Hoa Aloha Hoe Wa’a)

Práticas Tradicionais
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Na cultura polinésia, cada um ajuda fazendo o que pode. O forte faz o trabalho mais pesado, o mais velho oferece incentivo e conselhos, os jovens trazem a água e comida, todo mundo pode participar.
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A’ohe hana nui ka alu’ia – Nenhuma tarefa é grande demais quando feito em conjunto.
As canoas devem ser batizadas segundo a tradição havaiana, e receber um nome que simbolize a identidade, a energia (mana*) da embarcação, que possa traduzir seu verdadeiro espírito. Uma vez batizadas e abençoadas, passam a ser consideradas membros da ‘ohana (família). Refira-se às canoas pelo nome de batismo. Cuide delas como de um ente querido, antes de sair para o mar e limpe-as após seu retorno. Respeite as canoas de competição. Nunca pule ou passe sobre as canoas, dê a volta, caminhe ao redor. Pular a canoa de um lado para o outro é uma atitude desrespeitosa. Antes de cada remada ou periodicamente o ideal é reunir o grupo para abençoar a canoa e pedir proteção. Depois de cada remada ou prova, os membros da equipe devem cumprimentar-se e parabenizar uns aos outros pela prova, e agradecer a canoa pelo que ela acabou de proporcionar.
*Na cultura havaiana, a forma de energia espiritual, força curativa e transformadora que existe em lugares, objetos e pessoas recebe o nome de mana.
Respeito
Espírito de Grupo
Todo mundo ajuda quando a canoa está sendo carregada, coberta, limpa e cuidada. Isso inclui o carregamento e descarregamento das canoas, cobertura ou armazenamento, limpeza após a prática, verificar todas as partes da canoa antes e depois da prática por razões de segurança, inclusive esvaziando os compartimentos estanques (manu de proa e de popa). Isso se aplica a todos os membros do clube desde o novato ao veterano.
Canoa na água, evitar ficar de pé, xingar e discutir. Ficar de pé dificulta a estabilidade e a segurança. Xingar e discutir só servem para retardar a canoa, perturbar os esforços de toda a tripulação e criar desavenças em vez de aloha. Evite o acúmulo de sujeira e areia na canoa quando você subir a bordo. Hoe aku i ka wa’a (significado literal: avançar na canoa; sentido figurado: fazer a sua parte).
Cuidados
Não entre ou sente na canoa em terra seca (exceção para dar instrução). O casco é frágil e sofre danos. As canoas devem ser carregadas até a água, e a ama deve ser suspendida, evitando arrastar ama e casco na areia. Na hora de entrar com a canoa na água, os remadores devem suspender o máximo possível segurando os bancos com as mãos para minimizar o arrasto.
Quando em terra, as canoas devem estar sempre voltadas para o mar. Os ancestrais havaianos faziam isso por respeito à canoa, além de deixá-las de prontidão para repelir ataques de outras tribos ou ilhas.
Se a canoa for guardada emborcada, tome especial cuidado com a borda na hora de acomodá-la, evitando impactos ou atritos. A borda também deve ser protegida do impacto do cabo do remo durante a remada, o que pode ser evitado com a boa técnica.
Empilhar as canoas às vezes é necessário para acomodar o espaço disponível, colocando a ama de uma canoa subsequente no i’ako de uma canoa anterior. Se for necessário, apoie o casco ao longo da “kua’e” (quilha: a linha central ao longo da parte inferior / exterior do casco) de uma maneira que irá distribuir o peso uniformemente para evitar colocar muito estresse em qualquer ponto. No Hawai’i, acredita-se que a falta desses cuidados encurta a vida da canoa.
Cuidados também devem ser tomados com a área no entorno da canoa. Retirar o “opala” (lixo) do seu “paena wa`a” (entorno: desembarque da canoa), do seu “halau“ (casa da canoa) ou do “auha” (galpão). Ajude na guarda de todo o material – “’Ike aku, ‘ike mai, kokua aku kokua mai; pela iho la ka nohana ‘ohana.” (reconheça os outros e seja reconhecido, ajude os outros e seja ajudado. Essa é uma relação de família).
A`ohe hana nui ka alu’ia
(Nenhuma tarefa é grande demais quando feita em conjunto)
Ajudar na amarração da canoa desenvolve a união dos remadores. Todo mundo ajuda quando a canoa está sendo carregada, coberta, limpa e cuidada. Isso inclui o carregamento e descarregamento das canoas, cobertura ou armazenamento, limpeza e lavagem (especialmente das amarrações) quando estão sujos ou após a prática
A segurança é responsabilidade de todos. Verificar as partes da canoa antes e depois da prática deve ser um hábito de todos os membros do clube, do novato ao veterano. Cuidados também devem ser tomados com a área ao redor da canoa. Retirar o “opala” (lixo) do seu “paena wa`a” (entorno, desembarque da canoa), do seu “halau“ (casa da canoa) ou do “auha” (galpão). Ajude na guarda de todo o material – “`Ike aku,`Ike mai, kokua aku, kokua mai. Pela iho la ka nohana `ohana (reconheça os outros e seja reconhecido, ajude os outros e seja ajudado. Essa é uma relação de família).
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Aprenda as funções específicas do assento que você senta. Uma vez que você entra na canoa que você é parte de uma equipe. Por isso, todo hoa wa’a (companheiro de canoa) deve trabalhar junto, fazendo a sua parte. Cada remador pode e deve ter iniciativa. Komo mai kau mapuna hoe (coloque sua pá dentro e junte-se ao esforço.)
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Coloque seus problemas pessoais de lado ao invés de deixá-los em sua mente. Lembre-se: o que acontece na terra, fica em terra, o que acontece no mar, fica no mar. Mostre respeito, entusiasmo e compromisso chegando a tempo da preparação para a remada. Você tem que participar de todo esse processo. Lemes, treinadores e outros líderes devem sempre chegar cedo. Um líder nunca chega em cima da hora, ele sempre chega cedo.

Carta ao Remador de Va'a
** A “La Porquerollaise” é uma prova organizada pelo clube Ruahatu Va’a com apoio da comunidade taitiana de Toulon, França. Desta prova surgiu a carta do remador do Ruahatu Va’a”, que foi adotada pelo Rio Va’a, primeiro clube de Canoa Polinésia do Rio de Janeiro, em 2002. Com algumas adaptações, o Carioca Va’a Clube adota esta carta, por considerar que sintetiza com clareza os valores e princípios em que acreditamos e que cultivamos no dia-a-dia de nosso clube.
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O Va’a é o meu Espírito: Eu reconheço que ser remador implica adotar um estado de espírito de respeito ao esporte e daqueles que o praticam ao meu lado. Me comprometo a honrá-lo, a promovê-lo, a fazê-lo digno de respeito, e sempre ter uma conduta exemplar, para que o Va’a permaneça uma festa.
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O Va’a é a minha Herança: Vem de um passado prestigioso, É o fundamento da cultura Polinésia. Eu lhe devo respeito e reconhecimento, assim como aos anciãos que me transmitiram esta herança, pois também a transmitirei.
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O Va’a é o meu Oceano: Ambos são um só. Eu sou a ligação entre os dois. O oceano é o meu terreno de jogo. Tenho por missão devolvê-lo intacto aos meus filhos. Devo então respeitar o mar e nada fazer que possa sujá-lo ou desfigurá-lo.
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O Va’a é a minha Imagem: Fonte de bem-estar, me ajuda a viver em harmonia comigo mesmo e com os outros, a desenvolver o meu corpo e minha mente. Não devo então fazer nada que o desvalorize ou atinja sua imagem.
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O Va’a é a minha Família: O coletivo vem em primeiro lugar. Eu respeito o meu amigo remador e companheiro de clube. Eu compartilho e passo adiante os ensinamento que recebi. Eu ajudo e tenho humildade para reconhecer quando preciso ser ajudado.
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O Va’a é a minha Ferramenta: Eu respeito e cuido do equipamento que me permite exercitar meu esporte. Informo o clube sobre toda avaria que possa ameaçar a segurança daquele que o utilizará em seguida. Se eu quebro, eu conserto. Eu colaboro.
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O Va’a é o meu Esporte: Realiza-se segundo regras. Sou respeitador dos regulamentos e dos homens que devem aplicá-los com equidade. Eu bano palavras insultantes e gestos agressivos. Eu respeito os outros se eu quero ser respeitado. Não faço nada que possa colocar os outros em perigo durante as competições. Em caso de perigo, eu dou assistência ao meu irmão remador. Em caso de necessidade, não hesito em dividir com ele minha água e minha comida.
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O Va’a é a minha Equipe: Eu respeito meu treinador e os membros da diretoria do clube que me acolhe. Eu respeito os meus parceiros e a hierarquia estabelecida na canoa. Entendo que todos fazem parte de uma grande equipe. Não tomo decisões injustas e não adoto comportamentos que atinjam a coesão do grupo. Entendo que o coletivo vem antes do individual.
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O Va’a é a minha Nobreza: Eu não fraudo. Eu não induzo o meu adversário ao erro dando-lhe maus conselhos ou indicações falsas. Prefiro o silêncio à mentira. Eu o combato com lealdade. A humildade é o meu valor.
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O Va’a é o meu Mérito: É a consequência dos meus esforços e das minhas privações, o resultado dos meus treinos e dos sacrifícios que eu imponho à minha família. Se eu ganho, é porque mereço. Se eu perco, é porque o outro foi melhor do que eu. Eu admito e reconheço isso.

Trabalho em Equipe
“KOMO MAI KAU MAPUNA HOE”
(coloque sua pá na água e junte-se ao esforço!)
O trabalho em equipe, desde os tempos antigos, é uma das características mais fortes do va’a. Na preparação das embarcações e no dia a dia dos núcleos de va’a, as tarefas podem ser distribuídas ou os remadores podem tomar a iniciativa. As características e habilidades de cada indivíduo para o grupo têm o mesmo valor: os mais jovens e fortes fazem o trabalho mais pesado, o ancião oferece incentivo e conselhos, outros limpam e preparam as amarras, abastecem a canoa com água e comida.